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Ação Curricular em Comunidade e em Sociedade 2017.2

As atividades da ACCS estarão voltadas para a divulgação do patrimônio arqueológico regional, especialmente aquele correspondente às populações pré-coloniais e aos dos núcleos de mineração do século XIX e XX. O objetivo é promover a sensibilização acerca desse conjunto de vestígios, de maneira a preparar crianças e jovens para a preservação e boa gestão desses.

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A programação é essencialmente pedagógica e envolve atividades de oficinas e visitas técnicas a sítios arqueológicos nas proximidades das escolas. Pretende-se ainda a formação prática sobre o manejo de sítios, mas sobre tudo se enfatizara sobre o potencial documental que os sítios e materiais arqueológicos representam. Nesse sentido, nos encontros programados, se estabelecerá diálogo entre estudantes da ACCS e alunos das escolas rurais, reconhecendo que existe sempre uma percepção e um entendimento particular sobre os vestígios arqueológicos.

Arqueologia em comunidade (UFBA)

Atividade curricular em comunidade (UFBA 2016.2)

Cada vez mais tornam-se prementes ações dirigidas à preservação, pesquisa e aproveitamento econômico de áreas arqueológicas, tendo em vista o avançado processo  de degradação que estas vêm sofrendo com políticas econômicas que não as consideram como fatores de desenvolvimento comunitário. Acreditamos no processo educativo e na apresentação de proposta alternativas de utilização para que esta situação seja revertida. Esta experiência de ACC pretende dar uma contribuição, ainda como reflexão, para o processo de reversão. Neste semestre será trabalhada a comunidade rural de Morro do Chapéu. A escolha deste município deve-se ao fato que nele já existe em andamento pesquisa arqueológica, vinculada ao Grupo de Pesquisa Bahia Arqueológica (UFBA-CNPQ), que poderá dar suporte logístico, dados resultantes dos estudos feitos e, ainda, introduzi-los na comunidade com que vai se trabalhar. Atividades de extensão foram realizadas pelo Bahia Arqueológica nesse município, especialmente voltadas para educação patrimonial, envolvendo educadores locais, com resultados alentadores. De forma menos sistêmica, cada trabalho de pesquisa empreendido na região, tem procurado envolver à comunidade.

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Lançamento

O Grupo de Pesquisa Bahia Arqueológica da Universidade Federal da Bahia tem o prazer de convidá-lo para o lançamento do “Inventário de locais com vestígios arqueológicos do município de Morro do Chapéu”, publicado com subsídios do edital 29/2012 do Fundo de Cultura/Secretaria de Cultura da Bahia.

Local: Mercado Cultural de Morro do Chapéu

Dia 21 de maiode 2016, às 18h

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Piragiba: Escavacando uma história

Piragiba

Por volta dos anos de 1970, uma grande cheia do riacho que passa pela vila de Piragiba faz surgir uma imensa quantidade de urnas funerárias indígenas antigas. Em 1992, uma equipe de arqueólogos da Universidade Federal da Bahia é acionada para examinar os achados. Surgem daí descobertas sobre a história da vila, sobre as antigas ocupações humanas na região, bem como sobre o cotidiano dos moradores de Piragiba. A proximidade dos trabalhos arqueológicos com o cotidiano da vila foi um dos desafios da pesquisa e um dos principais elementos da descoberta. Toda a vila foi transformada em um imenso palco de pesquisa arqueológica.

Direção: Luydy Fernandes & Anderson Silveira
Duração: 46:25 m.
Produção: Doc4U
Apoio: Instituto Júlio Cesar Mello de Oliveira
Realização: Recôncavo Arqueológico (UFRB) & Bahia Arqueológica (UFBA)
Patrocínio: Fapesb & Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia

I Encontro de Agentes Patrimoniais da Bahia

O I Encontro de Agentes Patrimoniais de Lençóis constitui uma das primeiras ações programadas para a Segunda Etapa do Projeto Circuitos Arqueológicos de Visitação da Chapada Diamantina (Convênio UFBA/IPAC). O mesmo dá início à construção de uma rede social de pessoas interessadas e compromissadas na pesquisa, preservação e gestão do patrimônio arqueológico, em especial os sítios de arte rupestre, do Estado da Bahia. Deste modo, o evento vem a estimular o conhecimento e o fortalecimento de iniciativas individuais ou coletivas através de apresentações e discussões que permitirão preparar um mapa de ocorrências de sítios, de pessoas ou equipes atuantes. Ao mesmo tempo, pretende-se consolidar um locus de convergência de informações para preparar diretrizes de trabalho a curto, médio e longo prazo.

PÚBLICO ALVO: O I Encontro de Agentes Patrimoniais será aberto ao público interessado na preservação, gestão e pesquisa do patrimônio arqueológico, em especial os sítios de pinturas e gravuras rupestres.

COMUNICAÇÕES: Os inscritos nas comunicações do evento terão 15min para suas apresentações, devendo considerar os seguintes tópicos: nome e perfil do grupo ou pessoa física, os tipos de ações que realizam e registros visuais com imagens dos sítios e mapas de localização.

INSCRIÇÕES: Clique aqui para realizar a sua inscrição gratuita.

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X Simpósio Internacional de Arte Rupestre

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A Associação Brasileira de Arte Rupestre (ABAR), em conjunto com a Universidade Federal do Piauí (UFPI), através do Programa de Pós-Graduação em Arqueologia e da Graduação em Arqueologia e Conservação de Arte Rupestre, lança a segunda chamada aos sócios efetivos da ABAR, bem como a novos sócios e pesquisadores interessados em estudos de arte rupestre, para o X Simpósio Internacional de Arte Rupestre – SIAR / V Congresso Nacional da Associação Brasileira de Arte Rupestre – ABAR que se realizará na Universidade Federal do Piauí, Campus Universitário Ministro Petrônio Portella, Bairro Ininga, Teresina, Piauí, Brasil, de 21 a 25 de julho de 2014.

Tema: Arte Rupestre: pesquisa e inclusão social

É crescente o número de trabalhos arqueológicos envolvendo não só os sítios arqueológicos, ou seja, os vestígios d eixados por grupos humanos que viveram no passado em uma determinada região, como também a população atual, que ocupa esses mesmos espaços e convive quase que diariamente com esses vestígios e, muitas vezes, dependem deles para conseguir meios de sobreviver dignamente. Exemplos de trabalhos desenvolvidos prioritariamente envolvendo este tema são fortemente convidados a serem apresentados no presente evento, que propõe oito sessões temáticas, no interior das quais deverão ser propostas apresentação de trabalhos sob a forma de comunicações orais ou como pôsteres.

Exposição oral: comunicação de 20 minutos, seguida de 10 minutos para perguntas e discussão. As propostas serão agrupadas pela Comissão Científica do Congresso, de acordo com as áreas temáticas selecionadas.
Pôster: apresentação de resultados de pesquisa, sob a forma de cartazes, com tempos exclusivos estabelecidos que permitam a exposição e o diálogo entre os autores e o público.

1. Arqueometria e arte rupestre Luis Carlos Duarte Cavalcante / UFPI (Brazil) and José Domingos Fabris / UFVJM (Brazil).
2. Conservação de sítios rupestres Maria Conceição Soares Meneses Lage / UFPI (Brazil), Joëlle Riss (France), Jacques Brunet (France) and Lorraine Ferraro (Argentina).
3. Turismo e administração de sítios arqueológicos Claudia Alves / UFPE (Brazil), Jacionira Coêlho Silva / UFPI (Brazil) and Domingos Alves de Carvalho Junior / IFPI (Brazil).
4. Pesquisa em arte rupestre e inclusão social Carlos Etchevarne / UFBa (Brazil), Rosiane Limaverde / Casa Grande Foundation (Brazil) and Joina Freitas / UFPI (Brazil).
5. Novas descobertas de sítios de arte rupestre no Brasil Edithe Pereira / Emilio Goeldi Museum (Brazil), Sonia Maria Magalhães Campelo / UFPI (Brazil) and Andrei Isnardis / UFMG (Brazil).
6. Arte rupestre paleoíndia e arquaíca nas Américas Matthias Strecker (Bolivia) and Carlos Etchevarne / UFBa (Brazil).
7. Arte rupestre na Europa, África e Oceania Suely Amancio Martinelli / UFS (Brazil) and Renata Grifoni Cremonesi / Università di Pisa (Italy).
8. Novos métodos de estudo e de análise da arte rupestre Ana Clelia Barradas Correia / UFPI (Brazil), Cynthia Jalles / Museum of Astronomy and Related Sciences MAST / MCTI (Brazil) and Rundsthen Vasques de Nader / Observatory Porto – OV/UFRJ (Brazil).

Submissão de resumos
Endereço eletrônico para o envio dos resumos: http:www.abarup.org.br ou para o e-mail dos coordenadores das sessões. Prazo para submissão de resumos de trabalhos: 18 de novembro de 2013 a 28 de fevereiro de 2014. Envio de notificação de aceitação: 30 de abril de 2014. Apresentação de propostas: cada associado/a poderá submeter uma proposta com seu nome na autoria principal e participar de outra em co-autoria.

Instruções para elaboração de resumos
Comunicações orais ou em pôsteres: resumos de comunicações de trabalhos, ou para a sessão de pôsteres, em torno de 300 a 400 palavras no máximo, devem incluir objetivos, metodologia, resultados e conclusões. Incentivamos a cada proponente indicar durante seu registro a modalidade de preferência, mas esclarecemos que a Comissão Organizadora poderá atribuir uma forma de realização alternativa.

Instruções preliminares para o preenchimento do Formulário de Inscrição

Sessão Temática: Indicar um dos números de 1 a 8.
Tipo de apresentação: Sessão Temática ou Pôster
Título do trabalho proposto
Dados de cada autor/a (nome, filiação, endereço de e-mail)
No caso de trabalhos com mais de uma autoria, indicar o/a expositor/a.
No caso das mesas temáticas, indicar o nome do/a coordenador/a.
Não serão permitidas leituras de trabalhos de autores/as in absentia
Para obtenção de certificados, pelo menos um dos autores deve apresentar o trabalho e estar disponível para eventuais perguntas da audiência.
Corpo do texto do resumo (em Word, fonte Arial 11, espaço simples): ajustado aos limites de extensão e dedicado, sobretudo, aos objetivos, metodologia, resultados alcançados e considerações finais. No caso de necessidade de inclusão de referências bibliográficas (máximo 3), estas deverão ser contabilizadas dentro do limite de palavras.
Quaisquer dúvidas ou informações gerais poderão ser enviadas para o seguinte endereço: abarup.org.br
Os resumos dos trabalhos apresentados no X SIAR/V ABAR serão publicados em forma eletrônica.

Pagamentos
Os pagamentos da inscrição ao congresso deverão ser realizados no momento da inscrição ao congresso. Em breve estarão indicadas no Formulário de Inscrição as formas de pagamento disponíveis (paypal
ou depósito em conta bancária).
Até 28 de fevereiro de 2014 – US$ 80
Entre 01/03 e 30/06 de 2014 – US$ 100
Após 01/07 até o momento do congresso – US$ 120
Estudantes e sócio s da ABAR (em dia com as anuidades) terão desconto de 50%
Deverão comprovar sua condição de estudantes, enviando cópia da identidade estudantil vigente ou certificado da IES em que se encontram matriculados.
Os sócios da ABAR comprovam com cópia do pagamento das duas últimas anuidades.

Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade

Vencedor nacional na categoria Patrimônio Arqueológico, o projeto Circuitos Arqueológicos: Práticas Sociais da Arqueologia na Chapada Diamantina – Bahia, proposto pelo Prof. Carlos Etchevarne, foi premiado durante a cerimônia oficial em Brasília, neste 17 de outubro 2013.

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O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade é uma homenagem ao primeiro presidente do IPHAN e foi criado em 1987 em reconhecimento a ações de proteção, preservação e divulgação do patrimônio cultural brasileiro. A partir deste ano, está dividido oito categorias:

  1. Patrimônio Material: Bens Imóveis e Paisagens Naturais e Culturais
  2. Patrimônio Material: Bens Móveis e Acervos Documentais
  3. Patrimônio Imaterial
  4. Patrimônio Arqueológico
  5. Políticas públicas, programas e projetos governamentais
  6. Responsabilidade Social
  7. Comunicação e mobilização social
  8. Ações Educativas

Essa inovação organiza mais claramente a participação de profissionais, empresas, poder público, comunidades e instituições de sociedade civil, ao estimular a participação de arquitetos, urbanistas, restauradores, paisagistas, engenheiros e outros profissionais que desenvolvem atividades neste campo do conhecimento; e ao valorizar as ações empreendidas por entidades governamentais voltadas para políticas públicas; empresas que desenvolvem ações de responsabilidade social para a preservação do patrimônio e entidades da sociedade civil dedicadas à educação patrimonial, mobilização e comunicação social.

O evento contou com a presença da presidente do IPHAN Jurema Machado, de vários superintendentes regionais, a exemplo do sr. Carlos Amorim de Salvador, entre outros diretores e funcionários do referido órgão. Além de representantes do IPHAN, estavam presentes na platéia diversas autoridades do Distrito Federal, Diplomatas e, principalmente, representantes de vários setores do Ministério da Cultura.

O discurso do Prof. Carlos Etchevarne, enfatizou a importância desse prêmio como forma de reconhecimento das ações da equipe do Bahia Arqueológica e a relevância das atividades educativas e arqueológicas desenvolvidas em conjunto com as comunidades da Chapada Diamantina.

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O advogado, jornalista e escritor Rodrigo Melo Franco de Andrade nasceu em 17 de agosto de 1898 em Belo Horizonte. Foi redator-chefe e diretor da Revista do Brasil. Iniciou a vida política como chefe de gabinete de Francisco Campos, atuando na equipe que integrou o Ministério da Educação e Saúde do governo Getúlio Vargas. Entre 1934 e 1945, período em que Gustavo Capanema era ministro da Educação, Rodrigo Melo Franco de Andrade integrou o grupo formado por intelectuais e artistas herdeiros dos ideais da Semana de 1922, quando se tornou o maior responsável pela consolidação jurídica do tema Patrimônio Cultural no Brasil. Em 1937 fundou o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, atual IPHAN, que presidiu até 1967.

Mais informações: Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico.

Escavações na Serra das Paridas (2)

Prof. Carlos Etchevarne – Laboratório de Arqueologia, UFBA

Generalidades

O sítio Serra das Paridas I forma parte do Complexo Arqueológico Serra das Paridas, junto a outras três concentrações de painéis com pinturas rupestres. O termo complexo arqueológico designa um conjunto de situações arqueológicas e topográficas (abrigos, paredões, locas), próximas e unidas espacialmente, tal maneira parecidas, que exigem sejam tratadas como uma unidade ampla de ocupação humana pré-colonial. Dentro do sitio Paridas I, por sua vez, podem ser distinguidos quatro afloramentos, com espaços abrigados e paredões que foram utilizados como suportes de pinturas, entre eles o majestoso paredão visível a mais de 1 km de distância.

Serra das Paridas está incluída em uma formação geológica denominada Morro do Chapéu, que nasce justamente no município do mesmo nome e se estende nos territórios de Utinga, Lençóis, Palmeiras, entre ouros. A estrutura geológica caracteriza-se por apresentar modelamentos que ressaltam na paisagem. Eles são afloramentos estratificados, com áreas abrigadas, de bases estreitas, o que provoca um perfil na forma de cogumelo. Ademais, apresenta-se sob a forma de paredões com marquises no topo. O tipo de rocha é o arenito silicificado, de granulometria muito fina, de cor arrochada e nuances róseas. Os acamadamentos areníticos, ou grandes blocos em estratos, foram erodidos provocando reentrâncias desiguais. Alguns desses estratos próximos ao solo foram profundamente erodidos, constituindo as áreas abrigadas mencionadas acima.

Em Serra das Paridas I os trabalhos de escavações começaram pelo afloramento 2, exatamente no abrigo, com superfície suficiente para alojar um grupo de aproximadamente 10 ou 12 indivíduos. Do solo afloram alguns blocos rochosos (alguns resultados de desprendimentos do teto e outros aflorantes da rocha do subsolo), que muito provavelmente já existiam antes das ocupações humanas. Isto quer dizer que, no momento de instalação, os grupos humanos deveram levar em consideração os blocos emergentes para definir os arranjos espaciais domésticos.

Paridas

O abrigo selecionado para a primeira intervenção não apresenta hoje vestígios de pinturas, salvo uns pequenos sinais em vermelho, bastante apagados, na parede lateral da esquerda, a 1,50m do nível do solo, aproximadamente. Não obstante, o abrigo localiza-se no mesmo afloramento em que se encontra o maior paredão pintado das paridas, que se estende sobre um patamar. Desde ele se divisa um horizonte de 160 graus sobre a planície arenosa, com vegetação esparsa, que se adensa na medida em que o solo se transforma em argiloso. À distância se perfilam os relevos de afloramentos proeminentes, entre eles o do Pai Inácio.

O abrigo tem praticamente todas as paredes recobertas de liquens, que podem ter sido os causadores da eliminação de pinturas se elas de fato existiram. Contudo, se considerarmos o contexto geral, pode ser observado que esse é o único abrigo capaz de alojar, com boa proteção, um grupo por um período prolongado e esta pode ter sido a razão pela qual não foi utilizado para pintar. Ou seja, haveria uma escolha específica para a pintura excluindo o espaço de habitação. Outra hipótese a ser considerada é a que o liquens estiveram sempre presentes o que seria um impedimento para a execução dos motivos gráficos pintados.

Escavações e material coletado

A parte central do abrigo foi dividida em 13 quadras de 1m x 1m, para serem trabalhadas por decapagem. Os registros das ações de campo foram através da filmagem, fotografia e realização de desenhos de plantas e perfis, além de, obviamente, anotações em caderno e fichas.

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A estratigrafia do solo estava composta em todas as quadras de um solo arenoso derivado da eliminação por erosão da matriz silicosa da rocha, que deixa soltos os finos grãos de quartzo. A camada superficial é de coloração cinza escura, resultado da decomposição da matéria orgânica, alcançando uma profundidade que variava entre 25 e 35 cm, passando para uma camada mais clara até cerca de 45 cm e por último o solo arenoso amarelo esbranquiçado, sem presença de nenhum tipo de matéria orgânica nem vestígios arqueológicos. A prospecção neste tipo de solo estéril alcançou 1 m, profundidade em que se abandonou a decapagem, considerando-se que, nesse sedimento, não existem vestígios arqueológicos. Em algumas quadras o solo a ser trabalhado ficou reduzido pela presença de blocos de rocha, sobre os quais não houve acumulação sedimentar. Cabe ressaltar que esta situação é semelhante à da Toca da Figura, em Ventura, Morro do Chapéu, ou que pode chegar a se constituir em um padrão regional de tipos de sítios sobre abrigos de arenitos silicificados.

Os materiais coletados durante as escavações podem ser classificados em dois grupos: vestígios orgânicos e vestígios inorgânicos. Os primeiros estão representados por fragmentos de ossos de pequenos animais, especialmente roedores e aves, alguns deles com marcas de fogo. Também foram coletados restos de gastrópodos (caramujos). Não foram achados vestígios vegetais, o que não significa que os grupos humanos que passaram pelo abrigo não tenham praticado a coleta e consumo de frutos, folhas, sementes, raízes, coquinhos de diversas espécies vegetais. A ausência deles pode apenas apontar , por exemplo, que houve deterioro pela ação do intemperismo.

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Os materiais vestigiais inorgânicos estão constituídos essencialmente por objetos lascados. A matéria prima principal foi retirada do próprio abrigo, já que o arenito silicificado é muito apto para o lascamento e confecção de instrumentos. De fato pode ser observado que alguns blocos que estavam aflorando em superfície tinham algumas arestas com claras marcas de lascamentos, alinhadas ao longo de algumas arestas. Estas evidências podem ser encontradas também nos abrigos de Ventura, Morro do Chapéu.

Em linhas gerais, os objetos lascados são simples, variando de tamanho e de funções, mas predominam as peças pequenas, de 3 a 6 cm, com gumes cortantes ou bordes com angulação suficiente para raspar ou cortar. Os objetos confeccionados para furar são de tamanho pequeno, inferiores a 4 cm. Os instrumentos realizados a partir de lascas grandes tem o gume funcional disposto em linha semicircular, que ajudaria ao uso de corte.

A segunda classe de objetos líticos são de matéria prima diversa. Trata-se de peças de sílex, de tonalidades diferentes, empregado para a confecção de pequenos instrumentos para raspar ou furar. Como no abrigo e entorno não existe sílex deve deduzir necessariamente que ele foi trazido de fora. A reduzida quantidade de objetos em sílex pode estar vinculada à distância que devia ser percorrida para conseguir blocos ou seixos de sílex e transportá-los para o abrigo.

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Convém ressaltar que na decapagem das quadras foram coletados blocos de hematita (óxido de ferro), matéria prima para a obtenção de pigmentos. Os blocos são pequenos e a hematita pode ser macia ou dura. Em qualquer dos dois casos apresentam sinais de raspagem (estrias paralelas e arredondamento de alguma face do bloco), o que corrobora a interpretação de terem sido utilizados para preparação de tintas. Três blocos tem peso excepcional com relação a seu tamanho, o que pode significar composição mineralógica diferente e, por isto, coloração diversa dos outros blocos, quando raspado. Estes elementos minerais são fundamentais porque falam diretamente sobre a presença de grupos pintores, instalados nesse abrigo, que teriam usado outras partes dos afloramentos para as representações gráficas.

Em duas quadras (a Q10 e a Q 11) foram achados concentrações de carvões, observando-se também no perfil das mesmas que havia depressões preenchidas com sedimentos diversos e partículas carvonosas. Esta situação vestigial denuncia a existência pretérita de duas fogueiras pequenas (não mais profundas que 40 cm, com um diâmetro de 40 cm aproximadamente). Apesar de não terem sido associadas a elementos pictóricos, como os bloquinhos de hematita, os carvões coletados serão datados, em laboratório, por C14, posto que eles são resultado da permanência de grupos humanos no abrigo.

Outra intervenção, mais circunscrita, efetuou-se embaixo de uma loca com marquise baixa (não superior a 1m), denominada Loca 1, em função de existir outra um pouco maior, logo a continuação. Na parede vertical da Loca 1, praticamente em contato com o solo atual%